O Pará
vive um novo surto da Doença de chagas, a suspeita é que a contaminação
tenha sido provocada por um produto típico da região e é vendida em
todo o Brasil.
A expressão de Ana Cristina não esconde o mal estar: febre, calafrio,
dores no corpo. A estudante só descobriu que tinha doença de chagas
depois de dez dias apresentando os sintomas.
“Só ia ao hospital, me davam injeção, só me furavam. Estou toda doída de injeção e não passava nada”, conta.
Ivanete também ficou doente. E anda com dificuldades por causa de dores
nas pernas. “Eu costumava lavar roupa, assear a casa, agora eu não
consigo fazer nada disso”, diz.
Em Abaetetuba,
no nordeste do Pará, 13 pessoas contraíram a doença só no mês de
agosto. Dessas, 12 são de um mesmo bairro. A Secretaria de Saúde de
Abaetetuba suspeita de que a maioria das vítimas foi infectada depois de
tomar açaí em ponto de venda. Inclusive a dona da casa, o filho dela e a
neta, que também estão com a Doença de Chagas. O local foi interditado
pela Vigilância Sanitária.
Este ano, a Secretaria de Saúde do Pará registrou 45 casos do mal de
chagas e uma morte. Se não for tratada rapidamente, a doença pode
provocar sequelas graves, como a inflamação dos rins, fígado e coração.
“Então se, de repente, você é um trabalhador rural ou de maquinas
pesadas, provavelmente você não vai mais continuar com esse trabalho
porque a doença afeta o coração”, explica Eleid Goés, coordenador de
Vigilância Epidemiológica.
O mal de chagas é causado por um parasita e transmitido,
principalmente, pelo consumo de alimentos contaminados com as fezes do
inseto. Um estudo da Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo,
comprovou que o parasita consegue sobreviver na polpa do açaí
refrigerado e até congelado.
“Temperatura ambiente e de 4°C”, afirma Ana Guaraldo, pesquisadora da Unicamp.
Segundo especialistas, na produção artesanal, o risco de contaminação
pelo barbeiro é eliminado quando o fruto do açaí passa por um tratamento
térmico semelhante ao da pasteurização, que é o processo normalmente
utilizado pela indústria exportadora de açaí. Mas, de acordo com
autoridades de saúde, muitos vendedores artesanais ainda não cumprem as
normas de higiene.
Texto: Bom dia Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário