Em 2011, o Hospital da Criança e do Adolescente (HCA) atendeu clinicamente 34 crianças vítimas de violência, 28 delas (82,35%) eram meninas. Do total de crianças atendidas no hospital, 31 foram vítimas de violência sexual, o equivalente a 91,18%. Em seguida, aparecem dois casos de abandono/negligência (5,88%) e um caso de violência física (2,94%).
Os dados são do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do HCA. A estatística revelou que 20,59% dos casos de violência contra crianças os agressores foram os próprios pais, 11,76% os padrastos e 5,88% envolveu o pai e a mãe dessas crianças. Os agressores conhecidos da família somaram 41,18% dos casos atendidos e agressores estranhos 5,88%.
A estatística aponta ainda que as meninas vítimas de violência tinham entre 9 a 12 anos de idade (46,43%). A violência contra meninos foi predominante em crianças na faixa etária entre um a 4 anos e de cinco a oito anos de idade, o equivalente a 50% para cada faixa etária.
Entre os meninos vítimas de violência, 83,33% eram brancos, contra 89,29% de meninas na maioria pardas ou negras. Os números apontam que a violência contra crianças atingiu cinco meninos brancos e um pardo, contra 25 meninas pardas ou negras e três brancas.
A maioria das agressões contra as crianças ocorre na própria residência da vítima. Os índices revelam 71,43% nas residências das vítimas, 14,29% em local ignorado e índices de 3,57% em casos de violência contra crianças ocorridos em via pública, áreas rurais e de lazer.
Em onze (32,35%) dos casos investigados, as crianças foram agredidas mais de uma vez e quatro (11,76%) deles o ato de violência envolveu mais de um agressor.
Os dados confirmam que em 20 (58,82%) dos casos atendidos no HCA, o agressor foi homem e em dois casos (5,88%) ele dividiu a co-autoria da agressão com uma mulher. Em dez dos casos (29,41%), a violência foi praticada por mulheres. Nos dois casos restantes (5,88%) o autor é desconhecido e em seis casos (17,65%) houve suspeita de que o agressor agiu sob o efeito de álcool.
A diretora do HCA, enfermeira Olinda Araújo Consuelo, destacou a importância da Rede Abraça-me de Proteção a Criança e ao Adolescente Vítima de Violência Sexual no Amapá, neste contexto. Olinda Araújo explicou que a rede estabelece o Pronto Atendimento Infantil (PAI), instituição vinculada ao HCA, como porta de entrada para atendimento de crianças de 0 a 12 anos de idade, o Hospital da Mulher Mãe Luzia para acolher meninas de 13 a 18 anos e o Hospital de Emergência no atendimento de meninos na mesma faixa etária de idade.
O atendimento a esses pacientes é feito por uma equipe multidisciplinar, com médicos, enfermeiros, psicólogos e assistente social. Depois dos procedimentos médicos, o hospital aciona o Conselho Tutelar, Delegacia da Criança e do Adolescente (Derca), Polícia Técnico-Científica (Politec) e o Ministério Público Estadual.
Texto: Edy Wilson Silva/Sesa
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